O "Café do Geléia", fundado por Giovanni Di PaZZo, começou como um pequeno café na esquina da rua Orlontis com a rua Coronel Verde. Servindo apenas poucas variações do simples café o lugar foi ganhando fama devido ao seu ambiente altamente aconchegante contendo fotos de viagens feitas pelo "Geléia" (apelido carinhoso de Giovanni), relíquias e artefatos adquiridos em suas diversas aventuras pelo mundo em busca do melhor café que existia. Certo ano, Giovanni conseguiu por métodos misteriosos o melhor café que os que ali passavam já haviam provado e começou a plantá-lo e serví-lo em seu pouco famoso "Café do Geléia". O lugar ganhou fama pelo seu café fabuloso e pelo ambiente que sugeria um conto de histórias entre amigos. Agora vivemos estas histórias... Bem vindos ao "Café do Geléia".

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Ano Novo


            Seguinte ao natal chegamos em outra época marcante e esta época é o fim do ano. Aproveitando a abundância de comida do natal esta é uma comemoração feita com mais refeições deliciosas e bebidas, às vezes mais alcoólicas que no natal. É a época em que os homens se empanturram e as mulheres também, mas isso sempre as faz se arrependerem no início do ano ao fazerem “metas”.
            O que é um conceito interessante da comemoração. As pessoas consideram que com a virada do ano algo inimaginável, algo mágico, algo astrológico irá ocorrer e fará com que elas sejam melhores pessoas. Estranhamente “melhores pessoas”, para elas, se resume em pessoas ricas, magras e com carros novos. Para dar sorte no alcance destas incríveis ditas “metas” as pessoas passam o ano vestindo branco para representar prosperidade, comem lentilha para dar sorte, guardam caroços de uvas e abraçam uma pessoa do sexo oposto para ter um bom ano. Mas tirando tudo isso é basicamente um prolongamento do natal e mais um motivo para sair mais cedo do trabalho e passar o tempo com os amigos.
            Havia um lugar que tinha feito uma comemoração após o horário curto de trabalho. Mas agora já passara do meio dia do dia 1º e todos pareciam nocauteados em meio a mesas viradas, uma TV de ponta-cabeça, latas, copos e bebidas espalhadas no chão e um cheiro de queimado que pairava como uma nuvem de azar pelo local. Um celular tocou e reclamações em uníssono voaram pelo ar, tornando-as impossíveis de serem entendidas. O toque continuou e cada nota era como uma serra elétrica cortando um tronco bem grande ao lado dos ouvidos dos que ali jaziam, com olhos fortemente fechados para impedir a entrada da nociva luz do sol em seus olhos. O toque soou mais uma vez e foi atendido pela Cineasta.
            - Hunrgh...- Tentou dizer algo e não obteve sucesso.
            A pessoa do outro lado falou alguma coisa que foi compreendida por, aproximadamente, 9 micro segundos na cabeça da Cineasta e logo foi esquecido.
            - Aham... Pra você também, beijo tchau. – Mal terminou as ultimas palavras e o celular estava desligado, caído e aberto no chão.
            Ao fundo tornaram-se audíveis os gemidos de dor e desconhecimento do local e hora em que sua mente e corpo se localizam. Ernesto estava debruçado no encosto de uma cadeira e seus pés não tocavam o chão onde estava seu chapéu e paletó. Ele se levantou e percebeu que o mundo girava a sua volta, como se seu próprio cérebro fosse um redemoinho colérico. Se esforçando para não cair, ele se abaixou, pegou seu chapéu e o bateu nas coxas na intenção de limpá-lo. Olhou a sua volta e tudo estava um caos. O Artista estava deitado sem camiseta no balcão e “2012” estava pintado em sua barriga. Helen estava deitada em uma mesa e usava uma coroa e abraçava um abacaxi. A Cineasta jazia de bruços em duas mesas juntas e seu braço esquerdo estava balançando para lá e para cá e uma lente de seus óculos havia quebrado. O Viajante estava com a cabeça no ombro do Conde que, por sua vez, fazia o mesmo com o Gótico que estava com a cara esfregada em uma das janelas. Quando Ernesto esfregou os olhos e meio que recuperou seu equilíbrio viu que Diego estava ao seu lado em posição fetal, sua cara manchada com bolo de chocolate.
            - Ernesto... O que houve? – Perguntou com cara de cachorro abandonado.
            - Eu... Não sei! Onde está Tremoço? – Olhava para os lados ao perguntar.
            Diego apontou para cima e Ernesto acompanhou seu gesto. Tremoço balançava moribundo em um dos lustres e sua mão segurava uma garrafa sem rótulo. Ele abriu os olhos bem devagar e quando viu que estava muito acima do chão estremeceu e caiu, fazendo muito barulho. Levantou-se assim que atingiu o chão e estava totalmente desperto e fazendo pose de que havia sido proposital. O estrondo de tremoço havia despertado todos e eles repetiram em uníssono os resmungos. Ao abrirem os olhos e verem as próprias situações todos se entreolharam durante o que pareceu uma eternidade até o sininho do batente tocar com a porta abrindo.
           
            Geléia entrou com suas coisas e pendurou o casaco no mancebo ao lado. Fazia isso enquanto assobiava, e ao dar o primeiro passo para dentro do estabelecimento percebeu a bagunça que o local estava. Olhava impressionado para todos os cantos e em sua mente um torvelhinho de perguntas se formava, lhe causando dor de cabeça.
            - Vocês ficaram aqui quando tranquei o local para o feriado? – Perguntou incrédulo enquanto atrás dele chegavam Menino Ottis, Gregório, Thelma e KD. Todos rindo.
            - Rá rá! Ah, Geléia! Você nem vai acreditar nessa história! – Disse o Menino Ottis segurando uma câmera.

"Ele se levantou e percebeu que o mundo girava a sua volta, como se seu próprio cérebro fosse um redemoinho colérico."

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