O "Café do Geléia", fundado por Giovanni Di PaZZo, começou como um pequeno café na esquina da rua Orlontis com a rua Coronel Verde. Servindo apenas poucas variações do simples café o lugar foi ganhando fama devido ao seu ambiente altamente aconchegante contendo fotos de viagens feitas pelo "Geléia" (apelido carinhoso de Giovanni), relíquias e artefatos adquiridos em suas diversas aventuras pelo mundo em busca do melhor café que existia. Certo ano, Giovanni conseguiu por métodos misteriosos o melhor café que os que ali passavam já haviam provado e começou a plantá-lo e serví-lo em seu pouco famoso "Café do Geléia". O lugar ganhou fama pelo seu café fabuloso e pelo ambiente que sugeria um conto de histórias entre amigos. Agora vivemos estas histórias... Bem vindos ao "Café do Geléia".

quarta-feira, 21 de março de 2012

Herói


            “Ah! O início da jornada!” Bradou o Conde em sua mesa, tomando para si a personalidade de um verdadeiro trovador. Romântico, audacioso, de fala rápida e sagaz. Alguns diriam que quase ardiloso, mas com a eloquência de um bardo e o carisma de um líder ele prosseguiu para contar alguma epopeia grandioso para os que estavam naquele momento no Café do Geléia.
            O Conde tinha uma força de personalidade que podia abalar, inflamar e até sobrepujar as almas de seres humanos próximos com suas palavras tão bem ditas e encaixadas em frases quase épicas. Ele continuou seu discurso segurando junto ao corpo um caneco, desta vez com hidromel, e movendo a outra mão para aumentar mais ainda a história que iria se seguir.
            “A jornada deste herói será algo trágico e belo, eu vos digo! O papel do herói é sempre estabelecido em nossas mentes e sabemos que ele é destinado para algo. Mas o que importa, como em toda boa história, não é o final, mas sim o caminho para esse destino tão esperado!” Bebeu um pouco do líquido do caneco deixando um fio bem fino escorrer pelo canto da boca fazendo a barba brilhar sob as luzes que davam a ambientação de uma taverna.
“Veremos, então, na jornada que se segue, os perigos e desafios que se colocarão à frente de nosso protagonista. Estes desafios, não meros encontros de sorte e azar, são na verdade o veículo de evolução do herói! Pois como todos sabem, a maior característica destes protagonistas é o fato de eles virem de um histórico social simples, humilde e imperceptível aos olhos dos líderes de sua terra.” Ninguém interrompeu o Conde por mais que pudesse. Todos faziam silêncio ao assistirem o homem que estava agora, como sempre, em cima de sua cadeira fazendo seus atos como um verdadeiro artista de teatro. Os clientes o olhavam como tal.
            “Ele sairá de sua atual vida por muitos motivos! O desejo incontrolável pela viagem sempre existe. O desejo de ver terras novas e conhecer as culturas e suas práticas é algo que existe neste herói desde seu nascimento, e este é um dos maiores motivos pela sua aventura, por mais que ele não o admita. Existe também a ameaça a tudo que ele julga precioso e querido em sua humilde vida. E aí vemos a eterna batalha do bem contra o mal! Nosso herói passa de simples viajante vindo de um pequeno assentamento humano para um campeão da virtude e portador da glória!” Algumas lágrimas eram visíveis em certos rostos para quem parasse e olhasse. E mais um gole era lançado garganta abaixo pelo nosso escaldo.
            “A jornada também será exemplo de tragédia, como antes dito! Pois o nosso campeão sabe que suas escolhas exigirão sacrifício, e que esses sacrifícios permearão sua alma por toda a eternidade.” Fechou os olhos por um período e todos esperavam a conclusão que devia se seguir pelo tom de voz usado. O Artista Solitário era o único que parecia impaciente com a coisa toda. Por fim se seguiu em tons melódicos: “Mas são estas escolhas e a coragem de seguir em frente que tornarão o nosso personagem aqui dito, o herói da história e alguém que será celebrado por suas escolhas, lutas, perdas e lágrimas... Aos heróis que antes deste vieram!” E ergueu sua caneca, fazendo todos brindarem ao momento. Era uma noite grandiosa.

            Depois dos aplausos e choros terminarem, o Conde se sentou de volta à mesa onde o Artista, a Cineasta, Menino Ottis e K.D. esperavam. Por fim, o Artista disse depois de tentar acalmar os nervos:
            “Você vai ser o Clérigo ou o Paladino afinal?”
            K.D. começou a brincar com as miniaturas.
            “Serei o líder relutante, porém magnífico em sua majestade. Inspirarei medo nos...”
            “Corta essa!” gritou a Cineasta. “Paladino, então?” Disse irritada.
            “Sim. Paladino.” Disse o Conde com um sorriso triunfante.

“Ah! O início da jornada!”

2 comentários:

Bino disse...

GENIAL! AUEAUEAUEHAUEHAUEHAUEHAU

Unknown disse...

De longe o melhor post do Café!