O "Café do Geléia", fundado por Giovanni Di PaZZo, começou como um pequeno café na esquina da rua Orlontis com a rua Coronel Verde. Servindo apenas poucas variações do simples café o lugar foi ganhando fama devido ao seu ambiente altamente aconchegante contendo fotos de viagens feitas pelo "Geléia" (apelido carinhoso de Giovanni), relíquias e artefatos adquiridos em suas diversas aventuras pelo mundo em busca do melhor café que existia. Certo ano, Giovanni conseguiu por métodos misteriosos o melhor café que os que ali passavam já haviam provado e começou a plantá-lo e serví-lo em seu pouco famoso "Café do Geléia". O lugar ganhou fama pelo seu café fabuloso e pelo ambiente que sugeria um conto de histórias entre amigos. Agora vivemos estas histórias... Bem vindos ao "Café do Geléia".

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Férias


            Finalmente estava fazendo um pouco de frio. Ainda não era o frio desejado pelas pessoas que gostam dele, mas era um frio onde as pessoas poderiam tirar blusas do armário e cachecóis das gavetas, se assim quisessem. Gorros também poderiam ser bem vindos. Em meio a pessoas reclamando da temperatura e do céu nublado andava o Artista, levando consigo seu caderno e indo em direção ao lugar mais aconchegante que conhecia.
            Chegando ao local, o rapaz viu pessoas paradas na porta de entrada. Algumas olhavam dentro e depois iam embora, outras passavam reto, mas os clientes mais fiéis estavam parados na porta como que esperando algo. O Artista se aproximou e perguntou para a Cineasta:
            - O que está acontecendo? – E olhou para dentro do Café vazio.
            - A placa na porta diz “Fechado”, cara... Mas o Geléia nunca fecha nesse horário... – Respondeu ela enquanto tentava esquentar as mãos esfregando-as.
            - Sim, este é o horário que todos saem do trabalho e querem um café... – Disse Tremoço, que trazia consigo um rolo de corda no ombro e uma picareta em uma mão. Diego e Ernesto tinham capacetes de segurança e pás.
            Durante as conversas sobre o que poderia estar acontecendo, Menino Ottis desceu de uma das vidraças e disse:
            - Ei, pessoal! O Velho está lá dentro, como sempre! Quem sabe ele não possa abrir para nós?
            Todos começaram a batucar no vidro tentando chamar a atenção do velho, que parecia dormir com o sorriso estampado no rosto. Ele não se moveu.
            - O Velho inútil deve ter morrido! – Disse Ernesto, emburrado. Diego o socou no ombro.
            Dado um tempo todos viram Geléia vindo dos fundos do Café. Ele usava um suspensório e chapéu. Se aproximou da porta envidraçada e abriu-a com a chave de um molho bem recheado.
            - Não viram a placa, pessoal? – Ele perguntou, mas logo deu espaço para eles entrarem. Geléia começou a colocar as cadeiras em cima das mesas.
            - O que está acontecendo, Geléia? – Helen se aproximou do amigo para fazer a pergunta.
            - Estou arrumando o lugar, oras.
            - Para ninguém? – Perguntou o viajante olhando em volta.
            Geléia suspirou. Depois de colocar mais uma cadeira em uma mesa ele lançou:
            - Estou fechando o Café.
            Caos. Tristeza. Depressão. O Gótico aparecera. Todos estavam em choque. Depois de mais um tempo arrumando o local, e percebendo o desespero de seus amigos, ele disse:
            - É por um tempo indeterminado. Estou precisando de umas férias...
            - Mas você adora trabalhar aqui!!! – Gritou Menino Ottis que estava com a cara toda espremida por causa das lágrimas. Geléia o abraçou.
            - Sim, eu adoro. E vou sentir saudades de todos vocês.
            - Então não vá! – Diego abraçou o gerente que tossiu pela força do ato.
            - Não podes abandonar seu cargo, ó Taverneiro! Tens um dever para com este seu grupo de amigos inigualáveis! – O Conde queria morrer de maneira Shakespeariana.
- Eu não sei para onde vou. Mas vou para alguns lugares. – Geléia ajeitou sua roupa – Vocês me proporcionam as melhores noites e as melhores histórias. Vocês tornam o cotidiano algo melhor. Vocês tornam este lugar o que ele é... Mas sinto que, no momento, como o contador de histórias que sou, preciso de histórias novas... Espero que entendam...
Menino Ottis o abraçou mais uma vez e disse:
- Boas férias, Geléia. Não se esquece de voltar, tá?
- Não esquecerei, garoto.
Helen disse para ele aproveitar ao máximo e que ele precisava mesmo de umas férias. A Cineasta disse para ele voltar com o máximo de histórias possível. O Conde lhe deu uma adaga de prata como um símbolo de boas aventuras e proteção na jornada. O Gótico lhe deu uma lágrima em um frasco e sumiu sem ninguém ver. O Viajante pediu ajuda com a bagagem emocional para sair do local. Os maiores pilantras do Café lhe pediram ouro Peruano, caso passasse pelo Peru.
- Lhes trarei um baú. – Disse o gerente, jovial como sempre.
Depois de todos se despedirem, o Artista veio para perto do amigo.
- Se tornou uma obrigação não é? – Disse por fim.
- O que? – perguntou Geléia.
O Artista gesticulou para o local.
- Isso tudo... Seu sonho se tornou um dever...
- É um motivo, devo admitir.
O Artista deu um pequeno sorriso e abraçou o amigo.
- Vou sentir muito sua falta, amigo...
Geléia não conseguiu conter a lágrima.
- Prometo que é temporário.
- Aproveite bastante, Geléia. Você merece. – Com isso, o Artista se virou e foi embora para a noite nublada.

            Geléia pegou sua mala, vestiu o casaco e pegou seu cachecol. Apagou as luzes e deu uma última olhada para o seu local. Seu santuário. Fez um último carinho em Viras e lhe assegurou que teria comida enquanto ele estivesse fora, pois pediu para um amigo cuidar dele. Pegou finalmente as chaves e foi fechar a porta.
            - Cuide bem do local para mim sim, Velho?
            O Velho fez um pequeno gesto com a mão. Geléia sorriu.
            - Prometo não demorar.

"Cuide bem do local para mim sim, Velho?"

5 comentários:

denise disse...

tb sentirei muita falta de todos

Anônimo disse...

Mano...

Bino disse...

Se cuida, Geléia! Bom proveito e volte com todas as melhores energias! Sentiremos sua falta...

Julia disse...

Onde eu vou tomar um café agora??? :(((

Volta logo, Geléia!

Gelatina disse...

Fico feliz que não terei mais concorrência,
FIco triste que não terei mais sua companhia,
sempre que alguém estressado derrubar acidentamente uma xícara de café quente na minha perna esquerda em noite de lua cheia, eu lembrarei de você!

Congratulações,
Seu velho amigo,
Gelatina



Sentirei sua falta!