O "Café do Geléia", fundado por Giovanni Di PaZZo, começou como um pequeno café na esquina da rua Orlontis com a rua Coronel Verde. Servindo apenas poucas variações do simples café o lugar foi ganhando fama devido ao seu ambiente altamente aconchegante contendo fotos de viagens feitas pelo "Geléia" (apelido carinhoso de Giovanni), relíquias e artefatos adquiridos em suas diversas aventuras pelo mundo em busca do melhor café que existia. Certo ano, Giovanni conseguiu por métodos misteriosos o melhor café que os que ali passavam já haviam provado e começou a plantá-lo e serví-lo em seu pouco famoso "Café do Geléia". O lugar ganhou fama pelo seu café fabuloso e pelo ambiente que sugeria um conto de histórias entre amigos. Agora vivemos estas histórias... Bem vindos ao "Café do Geléia".

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Duelo


            Todos estavam olhando. A expectativa sobre ele era grande e isso fazia com que ele se sentisse absolutamente pressionado. Eles deviam parar pois fica difícil se concentrar nessas circunstâncias. Por um segundo sua dúvida, enquanto se reerguia e tentava ajeitar as costas, foi: Eles deviam parar? Ou eu deveria parar de ligar para os meus arredores?
            Enquanto pensava também lembrava do que fora ensinado e, logo, corrigiu sua postura. Pelo menos ela estava correta. Ele ouvia o instrutor lhe dando advertências mas não conseguia entender muito bem, pois o capacete estava quente e estava quase apertando seu cérebro, tornando audível a circulação de seu sangue.
            Tum-Tum.
            A batida do coração era seu foco no momento. Tum-Tum e mais nada. Ele não queria ouvir os expectadores e nem seu próprio instrutor, ele queria sentir. Queria sentir a batida e se reposicionar no mundo, se concentrar e se lembrar de tudo que fora ensinado.
            Tum-Tum.
            Tentou se posicionar melhor. Joelhos flexionados, costas eretas, mão esquerda erguida.
            Tum-Tum.
            Posicionou melhor os pés, testando o equilíbrio e a força em seus joelhos. Estava no duelo há muito tempo e podia sentir o corpo cansado e o suor parando em sua sobrancelha.
            Tum-Tum.
            Ergueu melhor a mão esquerda distribuindo com mais eficiência o equilíbrio de seu corpo. Levantou o braço direito em posição de estocada. Os batimentos o lembravam que as mãos também suavam e parecia que seu florete cairia a qualquer momento, e por mais que as luvas impedissem isso de acontecer ele ainda se sentia desconfortável.
            Tum-Tum.
            Fechou os olhos.
            Se imaginou na sala em que estava, mas escura. Ele usava branco. Na escuridão pressentiu que o inimigo se aproximava e, como em um filme em câmera lenta, a ponta do florete veio em direção ao seu rosto. Desviou com sua própria arma e mexeu rapidamente os pés, quase que saltando para a direção oposta de seu inimigo. Naquele momento ele pôde analisar cada golpe, cada movimento, cada desvio, cada falha na tática de seu adversário.
            Quando abriu os olhos ainda estava parado e não ouvia mais a sua circulação. Tudo havia voltado ao normal e ele estava ouvindo os comentários e a motivação da plateia. Seu inimigo estava exatamente onde ele havia visto. Sua posição estava correta e ele estava pronto, quase que arrogantemente confiante. Enfim lançou:
            - Vai ficar parado aí o dia todo? – Um sorrisinho foi esboçado por debaixo do capacete.
            O inimigo avançou e, como tinha visto antes, parecia que tudo estava em câmera lenta. Sua preparação funcionou e ele podia ver todos os golpes milissegundos antes de acontecerem. Terminada a investida do adversário, ele fez seu avanço. Estocada, investida, bloqueio, desvio, balanço e finalmente a investida que garantiu seu sucesso. Todos paralisaram. Depois, seu inimigo começou a aplaudir e a plateia o acompanhou. Ele decidiu abaixar seu florete e se juntar ao aplausos. Os dois duelistas estavam rindo juntos e a vitória ficou clara.

            O Conde tirou seu capacete e foi cumprimentar seu professor de esgrima.
            - Obrigado, milorde! Sem vossa valorosa força de vontade em me ensinar, jamais teria vencido tal batalha!
            Seu professor riu e tirou o capacete também. Coçou a barba enquanto ria e disse:
            - Foi um prazer duelar com você! É com certeza um de meus melhores alunos.
            O Conde fez reverência.
            - Que tal comemorarmos com o resto da sala? – Convidou o professor.
            Parou por um segundo, pensou e sorriu para seu mestre.
            - Se quer comemorar, conheço um ótimo lugar que acabou de reabrir.

"Tentou se posicionar melhor. Joelhos flexionados, costas eretas, mão esquerda erguida."

4 comentários:

Julia disse...

:D
a expectativa vai crescendo conforme a minha leitura... MUITO BOM MESMO :)

MondodeLeon disse...

Muito bom hein, senti minha cabeça pulsando tambem......E esse lugar que reabriu? Vou tentar colar la mais vezes!

NeveZ disse...

Mano, muito bom!!!!!! Fiquei empolgado com a dramatização tbem!!!

Baia! disse...

Adorei os tum-tums! Muito bom JovinhaZ, adorei vc ter mudado o clima abruptamente no final, quebrou a expectativa, foi ótimo.