O "Café do Geléia", fundado por Giovanni Di PaZZo, começou como um pequeno café na esquina da rua Orlontis com a rua Coronel Verde. Servindo apenas poucas variações do simples café o lugar foi ganhando fama devido ao seu ambiente altamente aconchegante contendo fotos de viagens feitas pelo "Geléia" (apelido carinhoso de Giovanni), relíquias e artefatos adquiridos em suas diversas aventuras pelo mundo em busca do melhor café que existia. Certo ano, Giovanni conseguiu por métodos misteriosos o melhor café que os que ali passavam já haviam provado e começou a plantá-lo e serví-lo em seu pouco famoso "Café do Geléia". O lugar ganhou fama pelo seu café fabuloso e pelo ambiente que sugeria um conto de histórias entre amigos. Agora vivemos estas histórias... Bem vindos ao "Café do Geléia".

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Hobby


            Todo mundo tem um hobby. Seja ele colecionar selos, escrever, ler, cozinhar, desenhar, etc. São diversas as atividades que um único ser humano pode exercer como hobby, aquela atividade prazerosa do pouco tempo livre que eles tem e algumas pessoas levam certos hobbies muito a serio, tornando eles uma profissão.
            O Artista Solitário tentava isso. Desde que começou a se dar por gente ele se lembra de desenhar e, naquela época, quando perguntavam o que ele queria ser quando crescer, ele sempre respondia o mesmo: Desenho animado. O tempo foi passando e ele foi aprendendo sobre esse mundo que ele tanto gostava e as ideias foram mudando, mas nunca saindo da mesma vertente de desenhista. Quando começou a trabalhar não começou diretamente na área, infelizmente, mas em pouco tempo conseguiu algo do tipo. Desde então ele tem trabalhado com livros. Percebeu que gostava muito de ilustração infanto-juvenil, além das ilustrações de mitologia, monstros, espada e magia que sempre desenhou.
            Mas no seu tempo livre o Artista gostava mesmo de ir ao Café do Geléia e desenhar sem propósito. Pegava pensamentos fugitivos e os transmitia para o papel branco. Com tinta preta pintava as sombras de seus sonhos enquanto a tinta colorida dava o contraste necessário para a vida aparecer em uma simples folha. A lapiseira dançava ao ritmo da criatividade e, nunca perdendo o timing, temperava a melodia primordial da criação fazendo a imaginação se avivar em semi-filmes independentes.
            Os que estavam de fora de toda essa ação viam apenas um rapaz solitário, quase com um ar de deprimido, em seu canto com seu caderno de rabiscos que parecia ser seu único amigo. Foi em um dia desses de desenhos que alguém interrompeu o Artista. Ele estava em seu canto tomando seu café e rabiscando o que lhe vinha à mente quando viu um homem entrar no café, um homem do tipo que não frequenta outro lugar que não um Starbucks ou coisa mais chique. Estava usando um sobretudo, cachecol e óculos escuros, o que era ridículo considerando o tempo nublado e o frio lá fora e ele entrou com um sorriso arrogante no rosto e uma sobrancelha levantada. O Artista o detestou.
            O homem foi até o balcão e pediu um expresso. Enquanto esperava tirou o cachecol e se virou de costas para o balcão, observando o movimento com aquele olhar de quem se acha muito superior ao resto do mundo. Não demorou muito para ele se deparar com o Artista e tentar observar o que ele estava fazendo. Decidiu se levantar e ir falar com o jovem rapaz, pois estava apreciando (pelo menos de longe) a qualidade do trabalho sendo feito.
            - Você tem talento, garoto! – Ele chegou já puxando uma cadeira.
            O Artista continuou seu trabalho e respondeu da maneira que achou mais sensata no momento:
            - Uhum.
            O sorriso do homem foi levemente abalado. Ele ajeitou o sobretudo e continuou depois de um leve pigarro:
            - Você já pensou em trabalhar com mídia publicitária? Publicidade está em alta, sabe?
            Se o Artista tivesse uma arma no lugar dos olhos, o homem estaria morto.
            - Não. Estes desenhos que faço são para mim.
            - Mas você é bom! Não acha que deveria mostrar sua arte para o mundo?
O rapaz suspirou, soltou a lapiseira, repousou o caderno e voltou seu olhar diretamente para os olhos obscurecidos do homem.
            - Eu já tenho um trabalho com desenho e quem quiser olhar, olha. Eu não gosto de publicidade e...
            - Mas você poderia ganhar muito dinheiro... – Interrompeu o homem.
            - Eu não estou nessa pelo dinheiro! – Ele logo cortou a frase do homem, fuzilando-o com o olhar. Os óculos do empresário trincaram.
            O expresso que ele havia pedido chegou e antes de Geléia coloca-lo na mesa o homem pediu a bebida para viagem. O gerente voltou ao balcão para atender o pedido.
           
            Com bebida em mãos, o homem se dirigiu à porta e disse para o Artista antes de sair:
            - Odeio ver jovens com talento desperdiçado como você.
            E saiu com o nariz empinado quase acertando o batente da porta.
            Geléia veio na direção de seu jovem amigo e perguntou o por que de ele ter afastado o homem daquele jeito. O Artista disse:
            - Pessoas como ele só pensam em dinheiro e não conseguem pensar como gente igual eu. Eles dizem que meu talento está sendo desperdiçado por que eu não ganho um monte de dinheiro com ele... – Ele pausou para tomar seu café e retomar seu caderno e lapiseira em mãos. – Mas na verdade, eu acredito que meu talento está sendo muito bem utilizado, por pessoas que apreciam de verdade o meu trabalho e principalmente – sorriu – por mim.

"Você já pensou em trabalhar com mídia publicitária? Publicidade está em alta, sabe?"

5 comentários:

MondodeLeon disse...

café?? Mas Didjo, você não toma refrigerante???heheheeheheheheh

NeveZ disse...

Hobby é hobby!

Unknown disse...

O que eu mais gosto no café é que ele fala a verdade. Trasvestida em ficção, mas a verdade :)

Julia disse...

Dinheiro vai, dinheiro vem...
Mas o tempo não volta e temos que aproveitar da melhor maneira (particular) possível :)

Isso aí, Jovinhaz!
Beijão!

Thiago Soares disse...

"Desenho não dá futuro mesmo, não...O lance é encher o blog de propaganda e arrumar trabalho numa agência de publicidade pra fazer qualquer coisa, menos desenhar!"


*ironia...mas que dá mais dinheiro, isso dá!