Todo mundo
tem um hobby. Seja ele colecionar selos, escrever, ler, cozinhar, desenhar,
etc. São diversas as atividades que um único ser humano pode exercer como
hobby, aquela atividade prazerosa do pouco tempo livre que eles tem e algumas
pessoas levam certos hobbies muito a serio, tornando eles uma profissão.
O Artista
Solitário tentava isso. Desde que começou a se dar por gente ele se lembra de
desenhar e, naquela época, quando perguntavam o que ele queria ser quando
crescer, ele sempre respondia o mesmo: Desenho animado. O tempo foi passando e
ele foi aprendendo sobre esse mundo que ele tanto gostava e as ideias foram
mudando, mas nunca saindo da mesma vertente de desenhista. Quando começou a
trabalhar não começou diretamente na área, infelizmente, mas em pouco tempo
conseguiu algo do tipo. Desde então ele tem trabalhado com livros. Percebeu que
gostava muito de ilustração infanto-juvenil, além das ilustrações de mitologia,
monstros, espada e magia que sempre desenhou.
Mas no seu
tempo livre o Artista gostava mesmo de ir ao Café do Geléia e desenhar sem
propósito. Pegava pensamentos fugitivos e os transmitia para o papel branco.
Com tinta preta pintava as sombras de seus sonhos enquanto a tinta colorida
dava o contraste necessário para a vida aparecer em uma simples folha. A
lapiseira dançava ao ritmo da criatividade e, nunca perdendo o timing, temperava a melodia primordial
da criação fazendo a imaginação se avivar em semi-filmes independentes.
Os que
estavam de fora de toda essa ação viam apenas um rapaz solitário, quase com um
ar de deprimido, em seu canto com seu caderno de rabiscos que parecia ser seu
único amigo. Foi em um dia desses de desenhos que alguém interrompeu o Artista.
Ele estava em seu canto tomando seu café e rabiscando o que lhe vinha à mente quando
viu um homem entrar no café, um homem do tipo que não frequenta outro lugar que
não um Starbucks ou coisa mais chique. Estava usando um sobretudo, cachecol e
óculos escuros, o que era ridículo considerando o tempo nublado e o frio lá
fora e ele entrou com um sorriso arrogante no rosto e uma sobrancelha
levantada. O Artista o detestou.
O homem foi
até o balcão e pediu um expresso. Enquanto esperava tirou o cachecol e se virou de costas para o
balcão, observando o movimento com aquele olhar de quem se acha muito
superior ao resto do mundo. Não demorou muito para ele se deparar com o Artista
e tentar observar o que ele estava fazendo. Decidiu se levantar e ir falar com
o jovem rapaz, pois estava apreciando (pelo menos de longe) a qualidade do
trabalho sendo feito.
- Você tem
talento, garoto! – Ele chegou já puxando uma cadeira.
O Artista
continuou seu trabalho e respondeu da maneira que achou mais sensata no
momento:
- Uhum.
O sorriso
do homem foi levemente abalado. Ele ajeitou o sobretudo e continuou depois de
um leve pigarro:
- Você já
pensou em trabalhar com mídia publicitária? Publicidade está em alta, sabe?
Se o
Artista tivesse uma arma no lugar dos olhos, o homem estaria morto.
- Não.
Estes desenhos que faço são para mim.
- Mas você
é bom! Não acha que deveria mostrar sua arte para o mundo?
O rapaz suspirou, soltou a lapiseira, repousou o caderno e
voltou seu olhar diretamente para os olhos obscurecidos do homem.
- Eu já
tenho um trabalho com desenho e quem quiser olhar, olha. Eu não gosto de publicidade
e...
- Mas você
poderia ganhar muito dinheiro... – Interrompeu o homem.
- Eu não
estou nessa pelo dinheiro! – Ele logo cortou a frase do homem, fuzilando-o com
o olhar. Os óculos do empresário trincaram.
O expresso
que ele havia pedido chegou e antes de Geléia coloca-lo na mesa o homem pediu a
bebida para viagem. O gerente voltou ao balcão para atender o pedido.
Com bebida
em mãos, o homem se dirigiu à porta e disse para o Artista antes de sair:
- Odeio ver
jovens com talento desperdiçado como você.
E saiu com
o nariz empinado quase acertando o batente da porta.
Geléia veio
na direção de seu jovem amigo e perguntou o por que de ele ter afastado o homem
daquele jeito. O Artista disse:
- Pessoas
como ele só pensam em dinheiro e não conseguem pensar como gente igual eu. Eles
dizem que meu talento está sendo desperdiçado por que eu não ganho um monte de
dinheiro com ele... – Ele pausou para tomar seu café e retomar seu caderno e
lapiseira em mãos. – Mas na verdade, eu acredito que meu talento está sendo
muito bem utilizado, por pessoas que apreciam de verdade o meu trabalho e
principalmente – sorriu – por mim.
"Você já pensou em trabalhar com mídia publicitária? Publicidade está em alta, sabe?" |
5 comentários:
café?? Mas Didjo, você não toma refrigerante???heheheeheheheheh
Hobby é hobby!
O que eu mais gosto no café é que ele fala a verdade. Trasvestida em ficção, mas a verdade :)
Dinheiro vai, dinheiro vem...
Mas o tempo não volta e temos que aproveitar da melhor maneira (particular) possível :)
Isso aí, Jovinhaz!
Beijão!
"Desenho não dá futuro mesmo, não...O lance é encher o blog de propaganda e arrumar trabalho numa agência de publicidade pra fazer qualquer coisa, menos desenhar!"
*ironia...mas que dá mais dinheiro, isso dá!
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