O "Café do Geléia", fundado por Giovanni Di PaZZo, começou como um pequeno café na esquina da rua Orlontis com a rua Coronel Verde. Servindo apenas poucas variações do simples café o lugar foi ganhando fama devido ao seu ambiente altamente aconchegante contendo fotos de viagens feitas pelo "Geléia" (apelido carinhoso de Giovanni), relíquias e artefatos adquiridos em suas diversas aventuras pelo mundo em busca do melhor café que existia. Certo ano, Giovanni conseguiu por métodos misteriosos o melhor café que os que ali passavam já haviam provado e começou a plantá-lo e serví-lo em seu pouco famoso "Café do Geléia". O lugar ganhou fama pelo seu café fabuloso e pelo ambiente que sugeria um conto de histórias entre amigos. Agora vivemos estas histórias... Bem vindos ao "Café do Geléia".

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Prodígios


            Crianças. Todos já fomos um dia. E sempre nos lembramos com muito gosto de todas as aventuras daquela época. Quando nos lembramos sempre damos risadas, sentimos saudades, lembramos de brigas, disputas e raivinhas infantis, mas desta vez com um sorriso no rosto, pois sabemos o quanto éramos inocentes e bobos. O problema é que, ninguém sabe aproveitar a própria época, então, para uma criança, ser criança é um saco. Para alguns, pelo menos.
            Gregório estava no Café do Geléia. Sentado em uma mesa qualquer, mal balançava os pés que não tocavam o chão enquanto quase afundava a cara em um livro que, para a sua idade, era muito grande. Geléia até pensou em perguntar o que o garoto estava lendo, mas, percebendo a concentração do menino, não quis atrapalhar. Além disso, ficou admirado com o tipo de leitura do garoto. Quando o garoto percebeu o gerente passando com cafés em uma bandeja, logo o chamou para perto.
            - Por favor, Geléia... Poderia trazer dois achocolatados com chantilly?
            Geléia memorizou o pedido e seguiu seu rumo. Microssegundos depois perguntou ao garoto o por que de dois achocolatados.
            - Estou esperando a Thelma... Combinamos de estudar hoje. – Explicou Gregório.
            O Gerente seguiu seu rumo e sorriu um sorriso simples que expressava admiração pela atitude dos meninos. Quisera ele ter esse tipo de disciplina quando mais jovem.
            Pouco tempo depois, quando Geléia estava trazendo as bebidas, Thelma cruzou a porta em passos rápidos e pouco espaçados. Ela estava com uma cara apertada e azeda, como se tivesse acabado de chupar um limao.
            - Boa tarde, Geléia. Obrigado! – Disse ela enquanto subia na cadeira e colocava os óculos sobre o nariz. – Deu uma olhada nos tópicos e exercícios que vamos estudar hoje? – Perguntou para Gregório enquanto abria seu caderno em cima da mesa.
            Ele respondeu com uma afirmação sonora sem nenhum entusiasmo e apoiou a bochecha na mão. Thelma suspirou e, mesmo tendo colocado os óculos a pouco tempo, os retirou e massageou entre os olhos.
            - Temos mesmo que fazer isso? – perguntou se apoiando na mesa.
            - Se quisermos manter nossas notas, sim. – Gregório quase fez um sacrifício para levantar os olhos em direção a sua amiga para responder tristemente.
            Os dois concordaram soltando um barulho de frustração enquanto voltavam seus rostos para os livros. Não mais do que de repente, a porta do Café se abre rapidamente e entram correndo o Menino Ottis e K.D., os dois rindo.
            - Rápido, Geléia! Precisamos de um cronômetro e barras de chocolate!
            Geléia foi até os fundos e voltou com um cronômetro velho, mas funcional.
            - Não sei o que pretendem fazer com isso, mas devolvam sim? E os chocolates, vocês sabem o quanto custam. – O sorriso parecia nunca deixar seu rosto.
            Os garotos compraram os chocolates e saíram correndo em direção à porta e só gritaram “Oi” para seus amigos enquanto saíam empolgados para a calçada. Gregório e Thelma olharam pela janela e viram K.D. erguer o capacete de Jiraiya até a altura da boca para engolir quase que imediatamente uma barrinha de chocolate. Depois Menino Ottis começou a rodá-lo rapidamente enquanto os dois riam. K.D. girou muito e quando parou, Ottis começou a cronometrar enquanto o amigo se esforçava para ficar em pé enquanto cambaleava. Muitas risadas e alguns segundos depois, K.D. vomitou no chão e se recostou em um muro enquanto tentava se recompor. Ottis gritou o tempo que o garoto aguentou.
            - Olha só aqueles dois... Poderíamos estar lá com eles. Acho que eu preferiria estar vomitando do que estudando para essa prova chata. – Lamentou Thelma passando a mão no vidro da janela.
            Gregório se ajeitou em seu assento e tentou soar como um herói:
            - Não podemos fraquejar, Thelma! Por mais que eu goste do Ottis, temos que admitir que, as vezes, o intelecto do nosso amigo é meio limitado. Nós somos muito mais inteligentes e as pessoas esperam muito de nós! Eu preciso tirar um 8 nessa prova ou a minha mãe vai me deixar longe de vocês por pelo menos três semanas...
            Thelma se sentou emburrada.
            - Odeio o fato de as pessoas terem expectativas em cima de mim... Sou só uma garotinha! Eu devia estar brincando de bonecas, comendo chocolates e vomitando... – Ficou pensativa. – Talvez não essa última, mas eu com certeza não deveria estar me preocupando em tirar um 7...
            - Enquanto formos melhores que o resto... Vamos ter que nos contentar com isso...
            E os estudos continuaram, enquanto ao fundo risadas e giros eram cronometrados.

            Depois de um bom intervalo de tempo, Ottis entrou no Café junto com K.D., um apoiado no outro. As risadas estavam diminuindo como um motor desacelerando.
            - Geléia! Dois refrigerantes, por favor!
            - Ottis, essa foi demais! Os resultados foram ótimos! – K.D. disse com orgulho enquanto se esparramava em uma cadeira.
            - Tenho certeza que a professora vai ficar admirada.
            Geléia veio trazendo as latas e logo perguntou do que os garotos estavam falando. K.D. prontamente respondeu.
            - Um pequeno estudo do efeito de velocidade crescente gerando força centrípeta. Não podemos explicar agora... estamos meio cansados...
            - Mas explicamos depois. – Interrompeu Ottis. - Temos que escrever um relatório para a professora mostrar ao diretor. Acabamos com as aulas de ciências, praticamente! – Os dois amigos se cumprimentaram.
            Em meio as mesas, Geléia pode jurar que Thelma derramara uma lágrima de frustração.

"Olha só aqueles dois... Poderíamos estar lá com eles."

5 comentários:

Glá disse...

É o que me faz ficar dividida... E muitas vezes (confesso!) angustiada:

Os livros e cadernos abertos, eu fechada para um mundo de coisas que me fariam muito mais feliz, e em meio a isso tudo a vida ali, acontecendo.

DENISE disse...

Me fez lembrar o nervo troceps q vc e o Enzo descobriram. GENIAL!!!

Anônimo disse...

Bem vindo ao meu mundo... Hahaha! Nem lembro quantas vezes me senti frustrado assim... Boa JovinhaZ!!!

Unknown disse...

Oh meu deus vc fez o retrato da minha infância! <3

Rica disse...

De longe o melhor post do Geléia!