Estamos em
plena era da informação, era digital, era da internet, chame como quiser, mas
se tem uma coisa que gosto de acreditar que todos já fizeram é escrever uma
carta. Sim, uma carta. Aquela folha de caderno arrancada do final, aquela folha
sulfite avulsa que estava ao seu lado ou mesmo aquele papel todo especial,
colorido e as vezes perfumado.
Todos nós
guardamos cartas. Guardamos aquelas que recebemos, as vezes temos o rascunho
daquelas que enviamos e muitas vezes temos aquelas cartas que nunca foram
enviadas e estão paradas em uma gaveta, cheias de memórias, e juntando pó. As
cartas são como nossos melhores amigos. É para elas que podemos contar tudo e
tudo que elas fazem é ouvir e guardar muito bem tudo aquilo, por mais confusa
que seja sua mente e suas idéias e, é por este motivo que, no fundo, todos
gostamos de escrever ou receber cartas. Confesso que não me lembro da primeira
carta que recebi, mas tenho certeza que gostaria de tê-la guardado, pois, ela
sozinha seria como um espelho refletindo meu passado, fazendo meu cérebro
funcionar de uma maneira em que eu me lembraria de tudo que estava circulando
minha vida na época em que a recebi. Eu poderia ver o que o remetente pensava
de mim e o que ele queria dizer para mim, o que poderia ser importante ou
simplesmente uma informação boba com o desejo de ser partilhada.
Eu estava
mexendo em algumas coisas no meu quarto recentemente e achei três cartas. Estes
simples papéis foram o suficiente para me desviar do que eu estava fazendo, e
do que eu estava indo fazer, para parar e ler aqueles relatos. Eu peguei as
três cartas, me sentei em minha cama e cruzei as pernas enquanto me posicionei
debaixo da luz incandescente para ler. A primeira carta que li foi uma surpresa
de uma amiga e foi ela que me inspirou a escrever. A carta era um desabafo
simplesmente, se é que pode se dizer isso, pois ela me disse tudo o que sentia
na vida dela com relação a amigos se afastando e ,quando li aquilo, me senti
muito mais próximo dela... através de uma carta. Pelo fato de a carta ser
escrita com carinho, com pensamento focado e com vontade de querer dizer algo é
que elas são tão especiais.
As outras
duas cartas eu guardo dentro da embalagem de um relógio de bolso. Uma caixinha
simples com um interior aveludado e no formato do relógio que, sinceramente, é
o meu favorito, mas o que eu menos uso. As cartas eram de uma outra amiga, uma
ex-namorada, que me escreveu muito tempo depois de termos terminado e ainda
assim eu as guardei com todo o cuidado e carinho do mundo, sabendo que elas
foram escritas durante um turbilhão de ideias em meio a uma madrugada e,
principalmente, escritas por uma pessoa cuja importância em minha vida é
imensurável. Aquela carta estava recheada de sentimento, sentimentos estes que
guardo cuidadosamente em meu coração e acredito que ela faça o mesmo. Não pude evitar um sorriso bobo e sincero de
vir ao meu rosto.
Depois de
ler as cartas, eu as guardei em uma gaveta cheia de memórias e sentimentos, ao
lado de uma carta nunca entregue e embaixo do meu querido relógio de bolso que,
curiosamente, nunca atrasa.
Não sei se
existe uma, mas eu gostei da simbologia disso. Acho que preciso escrever uma
carta de volta para alguém e só posso esperar que ela seja guardada com tanto
carinho e cuidado quanto guardo as minhas.
Você também deveria guardar suas cartas... |
2 comentários:
Muito bom... Faz eu pensar porque joguei todas cartas que ja recebi fora... como se tivesse queimado minhas proprias memorias do passado.
Realmente, mas nunca fui d guardar essas coisas...=/
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