O "Café do Geléia", fundado por Giovanni Di PaZZo, começou como um pequeno café na esquina da rua Orlontis com a rua Coronel Verde. Servindo apenas poucas variações do simples café o lugar foi ganhando fama devido ao seu ambiente altamente aconchegante contendo fotos de viagens feitas pelo "Geléia" (apelido carinhoso de Giovanni), relíquias e artefatos adquiridos em suas diversas aventuras pelo mundo em busca do melhor café que existia. Certo ano, Giovanni conseguiu por métodos misteriosos o melhor café que os que ali passavam já haviam provado e começou a plantá-lo e serví-lo em seu pouco famoso "Café do Geléia". O lugar ganhou fama pelo seu café fabuloso e pelo ambiente que sugeria um conto de histórias entre amigos. Agora vivemos estas histórias... Bem vindos ao "Café do Geléia".

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Surpresa


            O Artista estava entediado. Durante as ultimas semanas ele ficou passeando de café em café, procurando algo que chegasse pelo menos ao pés do, atualmente fechado, Café do Geléia. Nada o convenceu. O café não tinha o mesmo gosto e por mais que ele gostasse de ficar sozinho em seu canto, tinha alguma coisa no café que era diferente.
            De lugar em lugar, de mesa em mesa, sempre havia algo errado. Se sentava sozinho, a inspiração não lhe ocorria e, no máximo, se sentia apenas sozinho demais. As vezes tinha a impressão de que fazia, sem querer, uma cara de criança pedindo por amigos. Quando pensou nisso a primeira vez se lembrou imediatamente do Menino Ottis perambulando pelo café com seu refrigerante, ou tentando filosofar com Diego, o único do Café que tinha uma mentalidade parecida com a sua (Mentalidade esta que o Artista compartilhava, mas não admitia).
            De xícara em xícara, de sabor em sabor, sempre tinha algo diferente. Mas nada bom. Ninguém parecia capaz de lhe preparar um café gelado com chantilly e cobertura de caramelo que se igualasse ao do Gelaccino do Café do Geléia. E onde mais o Artista poderia ter a honra de dizer que o nome foi dado por ele? Nenhum lugar tinha uma bebida onde ele levava créditos. Esta era uma frustração que ele com certeza teria dividido com a Cineasta Desacreditada. Ela lançaria algum comentário sarcástico e os dois ririam das próprias desgraças como “Artistas Famintos”. Depois ele pararia de ouvir o mundo para olhar o sorriso com aparelho dela.
            De ambiente em ambiente, de musica em musica, o aconchego era outro. Confortável sim, mas não o suficiente...Faltava algo, faltavam as pessoas certas. O Artista tinha saudade dos três pilantras com Ernesto fazendo planos enquanto Tremoço e Diego interpretavam cada um de sua maneira. Helen conversava com a Cineasta enquanto ao fundo a gangue do Ottis ria com alguma coisa infantil enquanto K.D. enfeitava a mesa com algum capacete diferente. Era estranho você simplesmente chegar na porta de um Café sem ser recebido pelo Viras, mais estranho ainda era um Café sem um constante arrepio na espinha, em certas noites nevoadas, por causa da presença misteriosa do Gótico que, muito provavelmente, estaria na mesma mesa do Conde.
            Mas o pior de tudo, era não ser recebido pelo seu grande amigo no lugar que era seu sonho. Geléia era um amigo muito especial na vida do Artista e o dia-a-dia sem ele era, no mínimo, esquisito e tedioso.
            Em meio as suas andanças por cafés, o Artista decidiu voltar ao local que fora fechado. Tinha certeza de que estava andando mais rápido do que o normal até seu objetivo enquanto ouvia musica alta para ignorar o mundo a sua volta julgado inútil. Andou um bom tanto e chegou ao local. Estava igualzinho a ultima vez que o viu, impecável e expressava um ar de conforto e aconchego. Seu santuário. Se aproximou, olhou pelo vidro e viu o que esperava. O Velho ainda estava lá, do jeito que o Geléia tinha deixado, e o Artista não pode conter um sorriso, principalmente quando, vindo da esquina, chegou Viras, todo cabisbaixo. O Artista se sentou à porta com um ar desolado, mas esperançoso e lá ficou. O cão sentou ao seu lado enquanto recebia carinho e os dois adormeceram no local, como crianças fazem ao esperar papai noel.

            O Artista acordou num salto ao ouvir a porta abrindo e se levantou com uma rapidez que o impressionou. Corrigiu sua postura e olhou para trás para ver o que tentara abrir a porta.
            - Desculpe se o assustei, artiste. – Disse Geléia, com aquele sorriso jovial de sempre no rosto. Ele estava parado à porta, usava um chapéu e tinha um bronzeado novo.
            O Artista quase chorou de emoção e abraçou o velho amigo.
            - É bom vê-lo de novo, Geléia! – Eles se abraçaram.
            - Eu disse que era temporário, garoto, mas... Ninguém acredita, por melhor que seja seu discurso.
            Os dois ficaram parados à porta por um tempo até que Geléia arriscou:
            - Agora... Sendo meu primeiro cliente, que tal um Gelaccino e alguns pães de queijo?
            - Achei que nunca fosse perguntar!

"Corrigiu sua postura e olhou para trás para ver o que tentara abrir a porta."

4 comentários:

NeveZ disse...

Sejamos todos muito bem vindos, porra!!!!!! Onde ele tava!!!??? O.o

Baia! disse...

"Then world behind and home ahead (...) Mist and twilight, cloud and shade, / away shall fade! Away shall fade!/ Fire and lamp, and meat and bread!"

Bem- vindo de volta, artista.

Julia disse...

Que sejamos TODOS bem vindo ao Café do Geléia!!!

Me vê um Gelaccino, aí, POR FAVOR!!!

Rob's disse...

Aeeeeee!!!
É nóiZ carai!
Recipes for Gelaccino, please!